24 junho 2009

Sozinho contra todos

É estranho, mas cada vez que gosto de alguém, acabo estragando sempre tudo. Mesmo quando me desejam. Como essa. Sinto que gostou de mim. Já deve ter namorado. Têm sempre um namorado. A vida é como um túnel. E cada um tem o seu próprio túnel. Mas no final do túnel, nem sequer existe uma luz. Pois é, não há nada. Até as memórias desaparecem no final.

Os velhos sabem bem disso. Uma pequena vida, pequenas economias, uma pequena velhice e depois um pequeno caixão. E tudo isso para nada. Tudo para nada. Até os filhos. Quando os seus pais não têm nada para lhes dar, os colocam num asilo até que apodreçam sozinhos e em silêncio. Mas os filhos estão se lixando para isso. O amor filial é um mito. À mãe, só se quer bem enquanto der leite. Ao pai enquanto dê dinheiro. Mas quando os peitos da mãe estão secos, quando os bolsos do pai estão vazios, a única coisa que fica para fazer é colocá-los num armário, esperando que morram rápido e pelo menor custo.

Assim são as coisas.

Só quando existe uma herança é que os filhos fingem ser amigos. Mas quando a única herança é uma geladeira ou uma televisão...Nem sequer vale a pena simular. Somente o mínimo indispensável para ficar com a consciência em paz. Uma visita por mês. Umas lágrimas no velório, e dever cumprido. O amor e a amizade são pura ilusão. São ilusões para esconder o fato das relações humanas serem meros pequenos negócios.

Falar de amor e amizade é conveniente. Mas simplesmente por cálculo. A realidade é muito mais banal. Gosta da sua mãe porque te alimenta e evita que morra. Do amigo porque lhe dá um trabalho que lhe permite comer e evitar que morra. Da sua mulher porque cozinha pra você, lhe esvazia os bagos e lhe dá filhos. Mas basta só uma bofetada num filho, para que este se vingue quando for mais velho. A bofetada será sua ferramenta. Quando te colocarem num asilo será a desculpa para o desinteresse que sentem pelos seus progenitores.

Mas a solidão não significa nada.

Você pode viver com um homem ou uma mulher inclusive com os seus filhos e se sentir sozinho. Eu estou só. E ela também. Vivemos, nascemos e morremos sozinhos. Sozinhos, sempre sozinhos. Até quando fodemos estamos sozinhos. Sozinhos com a nossa carne, com a nossa vida que é como um túnel, impossível de compartilhar.

E quanto mais velhos, mais sozinhos estamos nos recordando de fatos de uma vida que se destruiu lentamente.

Não, decididamente foder não vale a pena. Sai muito caro. Mas ajuda a passar o tempo. E quando a gente perde a vontade de foder, repara que não há mais nada para fazer no mundo. E que na realidade não há mais nada nesta puta de vida. Nada mais do que um programa de reprodução nas suas entranhas que cada um se vê obrigado a respeitar. Obrigado. Nascer contra a sua vontade. Comer. Enfiar a pica. Dar vida. E morrer.

A vida é um grande vazio. Sempre o foi e sempre o será. Um grande vazio que poderia perfeitamente continuar sem mim. Mas eu não quero jogar mais este jogo. Já não dá mais.

Se pudesse começar uma nova vida acho que me dedicaria a fazer filmes pornô.

Pelo menos aí as coisas são claras. Quem os faz entende perfeitamente a essência da nossa espécie. Se se nasce com uma piroca, só será útil se enfiar a piroca grandiosa em tudo o que é boceta. Se se nasce com uma xana só será útil se a preencher com uma piroca. Mas em ambos os casos, se está completamente sozinho. Quanto a mim, sou uma piroca. É isso. Uma miserável piroca. Para fazer-me respeitar devo manter-me sempre bem duro.

Uma verdadeira mulher é algo belo. Mas o problema é que todas se lamentam de terem nascido sem pica. As mulheres são umas pobres criaturas. Como não têm pica, a única forma de se sentirem fortes como um homem é traindo-o com outro homem, especialmente se tiver mais dinheiro. O passado sempre nos alcança.